segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

A resposta... de Bob Dylan em 1971.

Blowin' In The Wind (tradução)
Bob Dylan

Quantas estradas precisará um homem andar

Antes que possam chamá-lo de um homem?

Sim e quantos mares precisará uma pomba branca sobrevoar

Antes que ela possa dormir na areia?

Sim e quantas vezes precisarábalas de canhão voar

Até serem para sempre abandonadas?

A resposta meu amigo está soprando no vento

A resposta está soprando no vento

Quantos anos pode existir uma montanha

Antes que ela seja lavada pelo mar?

Sim e quantos anos podem algumas pessoas existir

Até que sejam permitidas a serem livres?

Sim e quantas vezes pode um homem virar sua cabeça

E fingir que ele simplesmente não vê?

A resposta meu amigo está soprando no vento

A resposta está soprando no vento

Quantas vezes precisará um homem olhar para cima

Até poder ver o céu?

Sim e quantos ouvidos precisará um homem ter

Até que ele possa ouvir o povo chorar?

Sim e quantas mortes custará até que ele saiba

Que gente demais já morreu?

A resposta meu amigo está soprando no vento

A resposta está soprando no vento



sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

As guerras e a fome de que ninguém fala


Esta crónica escrita por Isabel Stillwell para o Editorial do jornal "Destak" de hoje.. merece a "nossa" reflexão. Porque este mundo não tem de ser assim...


O site do jornal gratuito espanhol “20 Minutos” dava conta dos grandes conflitos humanitários a que a comunicação social não liga nenhuma, segundo uma lista elaborada pelos Médicos Sem Fronteiras (MSF). «Os cenários do Inferno », como lhes chama o jornal, que a maioria de nós ignora. Começam pela Somália, em África, onde nove milhões de pessoas sofrem ainda as consequências de uma guerra civil: «A situação é aterradora, com milhares de desalojados ou internados em campos, sem comida nem água». Segue-se-lhe o Zimbabué, com 12 milhões de habitantes, pobres e mal nutridos, e uma taxa de infectados pelo vírus da Sida de um em cada seis pessoas!
No Congo, apesar de se terem realizado eleições livres, o governo continua a combater, com o apoio da ONU, as forças rebeldes, e os que não morrem da guerra, morrem da cólera. Uma situação parecida com a da República Centro Africana, em que dois anos «de guerra aberta com os rebeldes deixaram um saldo de milhares de deslocados, aldeias arrasadas, e uma falta absoluta de assistência médica», explicam os MSF.
Na Ásia, o enfoque vai para a Birmânia, que depois de umas semanas nas primeiras páginas dos jornais, voltou a desaparecer, sem que nada mudasse. Ou seja a Junta Militar tortura e prende, não deixando que a ajuda internacional chegue à população esfomeada.
O Sri Lanka sofre uma situação parecida: prosseguem as «matanças em silêncio», denuncia esta organização.
No continente americano, a Colômbia é um cenário dantesco. Se não faltam notícias sobre os grupos paramilitares, e o narcotráfico, «calam- se os seus efeitos sobre quatro milhões de pessoas, um em casa dez habitantes, sem terra, nem cuidados de saúde. Chegados à Europa, o dedo é apontado ao escândalo que se vive na Chechénia.
Uma realidade mesmo à nossa porta.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

A Obra de Arte uma energia em mutação


A propósito da exposição de escultura – Antologia breve - de Alberto Carneiro, recentemente inaugurada na galeria Árvore no Porto, suscitou-me uma reflexão, não de todo gratuita.
É precisamente sobre árvores, os “objectos” do artista e que aí se dão à fruição estética do público especialista, amante ou, tão-somente, sensível à arte, qualquer que seja, a expressão, o suporte ou o género.
Alberto Carneiro é, felizmente para nós, um artista incontornável da arte portuguesa das últimas décadas. Desde os anos sessenta que nos presenteia com obras da Terra, à Terra devolvidas como filhos saídos do ventre que lhes deu ser. “Um corpo íntegro e total”, assim o definiu Bernardo Pinto de Almeida comissário da exposição.
Interessante constatar que, acrescida à energia “mágica” que flúi em qualquer obra de arte, independentemente da sua materialidade, no caso das peças deste escultor, elas têm, efectivamente, uma energia telúrica intrínseca, sempre viva, sempre actuante, sobre o espaço e sobre quem está próximo. Pode-se falar de uma energia cósmica, universal, a que os chineses chamam Chi, os japoneses de Ki e os indianos de Pranna. Mas, independentemente da grafia do termo ou designação vocabular, a realidade é que cada vez mais nos tornamos conscientes da sua existência em nós e à nossa volta.
“Uma árvore nunca está morta. Ela pode já não dar castanhas, mas continua a mexer, continua a ser energia em mutação”. Que o diga o próprio artista para quem este processo de criação foi um longo período de quatro anos, “um longo namoro até surgir a obra”. Sobre esta energia em mutação em trocas mútuas – a obra emite, o artista recebe e devolve em criação de obra de arte. Esta, por sua vez oferece-se em prazer estético para quem a saiba fruir e, uma vez mais preenchido, também mais terá para dar, e assim sucessivamente -, ocorre-me pensar no dar e receber , lei universal da Dádiva, como bem explica Deepak Chopra*. Imperceptivelmente, mas sempre funcionando. Sempre que damos recebemos multiplicado e recebendo, logo nos capacitamos para mais dar. Uma troca tão natural que não deve parar nunca, sob risco de quebrar o fluxo ininterrupto de vida tal como o é o próprio acto de respirar: Impossível inspirar continuamente, como impossível é, continuamente expirar. Aqui se experiência o dar e receber básico.
Se um “simples” tronco de árvore continua vivo mesmo depois de decepado das suas raízes, desmembrado dos seus ramos e desprovido de alimento e de funcionalidade, como não reconhecer a energia que por ele perpassa e que o tornam em mais do que a sua matéria? O artista aqui em apreço soube aproveitar essa energia para a transmutar em obras de artes que agora podem ser visitadas no Porto.

[Sobre artigo de Andrade, Sérgio C. – “Alberto Carneiro explica porque é que «uma árvore nunca está morta»”, in Público 2, 11 Janeiro 2008, p. 8].
* Médico e eminente professor de Filosofia oriental é autor de vários bestsellers traduzidos em todo o mundo.


Bonnie

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Filme na "Net"...


Zeitgeist, the Movie



É um filme americano de 2007 sem fins lucrativos produzido por Peter Joseph que pretende, segundo o autor, inspirar as pessoas a investigarem o mundo de uma perspectiva diferente. O filme é dividido em três partes:
Primeira parte: "The Greatest Story Ever Told" ("A maior história já contada")
Segunda parte: "All The World's A Stage" ("O mundo inteiro é um palco")
Terceira parte: "Don't Mind The Men Behind The Curtain" ("Não se preocupe com os homens atrás da cortina") .


Podem ter uma pequena sinopse do filme em:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Zeitgeist,_o_Filme
Pode vê-lo na internet em: http://video.google.com/videoplay?docid=-1437724226641382024
Já li várias críticas a este filme. Umas a dizerem muito bem... outras a dizerem muito mal. Melhor do que basearmos as nossas opiniões na dos outros é, cada um por si, tirar as suas conclusões... Eu já o fiz!
Podem vê-lo directamente no computador de casa ou copiá-lo e, comodamente, no sofá da sala assistir à exibição. As legendas estão em português...
Mais fácil e barato é difícil...


Clyde

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008


Anadia prepara “megamanif”




Cerca de cinco mil pessoas tinha-se manifestado na tarde de domingo, do dia 23 de Dezembro, em Anadia, contra o anunciado encerramento - no dia 2 de Janeiro -, do serviço de Urgências do Hospital José Luciano de Castro.

O movimento Unidos pela Saúde, que surgiu em Anadia contra o fecho das urgências, adiou a manifestação que tinha previsto fazer em Lisboa no dia 18. O motivo é simples. “A nossa luta está a ganhar força. E como nós há outros concelhos que têm as mesmas queixas, por isso vamos unir-nos e fazer uma coisa em grande”.

A propósito destes “Movimentos” que vão surgindo um pouco por todo o lado, faz-nos lembrar uma quadra do “nosso” poeta popular António Aleixo, a propósito das promessas feitas ao povo:

Vós que lá do vosso império

prometeis um mundo novo,

calai-vos, que pode o povo

qu'rer um mundo novo a sério.


Clyde


domingo, 13 de janeiro de 2008

Elogio da Loucura.



A morte do escritor Luiz Pacheco não é apenas uma perda para a cultura. Numa altura em que o Governo investe a sério, e com ASAE pela trela, numa fornada de cidadãos enérgicos e atléticos, livres de fumo e bactérias, ainda mais se sentirá a falta da sã loucura dos indomáveis.
Luiz Pacheco fazia parte daquele grupo de criadores – João César Monteiro e Cesariny eram outros - que um Estado decente subsidiaria. A fundo perdido. Para seu próprio bem. A paisagem agradecia e o País melhorava.
Bastava pedir-lhes que fossem como sempre nos habituaram: irreverentes, refractários, subversivos, de manguito carregado e palavras sem dono. Seríamos todos mais felizes e a geração vindoura agradecia. E ainda íamos a tempo de mostrar que, felizmente, ainda há quem tenha um parafuso a menos e um cigarro a mais.
Temo bem que, com andar da carruagem, figuras semelhantes a Luiz Pacheco, César Monteiro e Cesariny tenham cada vez menos lugar numa sociedade estilizada, de ideias poucas, comportamentos light e filosofia Paulo Coelho. Quando muito, o Ministério da Cultura talvez estivesse disponível para criar, para alguns intratáveis, uma reserva «índia», coisa para turista ver. «Não é permitido dar de comer ao Cesariny». «Cuidado, não coloque as mãos na jaula do Luiz Pacheco». Coisas assim. E a vidinha seguia, livre de corantes e conservantes. E outros animais falantes.
Quando um Governo ataca a fumarada com golpes baixos e faz da política um misto de jogging e salto à vara, não se pode esperar dias melhores. Um País com dois milhões de pobres que decide baixar o IVA dos ginásios não regula (o que, de certo modo, já o eleva à condição de um César Monteiro, vá). Os ginásios, esses, continuarão a esfregar as mãos com os propósitos saudáveis do Governo: vão engordar à custa de taxar as nossas gorduras por outras vias, à razão de 10 euros por cada fatia de paio ingerida.
Não adianta sequer resistir às modas e tendências. Portugal tem um não sei quê genético para polícia de costumes e bufaria engravatada. Está-lhe mesmo nos genes e qualquer Salazar dos novos sabe isso.
Não tardará a que uns candidatos a Cesarinys, Monteiros ou Pachecos sejam internados ou fiscalizados antes de rabiscar numa folha branca um desarranjo intelectual. Onde já se viu, dizer e escrever o que lhes vai na telha, os improdutivos?! O País não está para loucuras, senhores. E todos somos necessários nesta grande tarefa de higienizar a cidadania e desinfectar o cenário de parasitas. O Portugal de Sócrates não quer bicho na maçã nem grão na engrenagem. Com um País assim, que pena César Monteiro não estar vivo: pedia-se mais um filme negro com actores em «off». Branca de Neve já temos.
E como diria Fernando Pessa: "E esta hein?!..."
Clyde

(in Visãode 09-01-2008 - A devida Comédia - Miguel Carvalho)

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Minorias em causa?


Audiência marcada para dia 25
Partidos em risco de extinção vão ser recebidos pelo Presidente da República

10.01.2008 - 20h02 Lusa
O Presidente da República vai receber em audiência, marcada para o dia 25, os representantes de oito pequenos partidos que correm o risco de extinção compulsiva por não terem o mínimo de cinco mil militantes.
A informação foi adiantada pelo presidente do Movimento Partido da Terra, Paulo Trancoso, que considerou “um bom sinal” o facto de Cavaco Silva ter aceitado receber representantes das pequenas formações. “Havia vozes que diziam que não conseguiríamos ser recebidos”, declarou.O Tribunal Constitucional (TC) notificou em Dezembro os partidos para que, no prazo de três meses, façam prova de que têm pelo menos cinco mil militantes, uma obrigação imposta pela lei dos partidos políticos aprovada em 2003.
Oito partidos com reduzida expressão eleitoral – MPT, PCTP-MRPP, Partido Popular Monárquico, Partido Nova Democracia, Partido Nacional Renovador, Partido Operário de Unidade Socialista, Partido Democrático do Atlântico e Partido Humanista – decidiram então solicitar uma audiência ao Presidente da República para exporem as suas preocupações. (in Publico 11 de Janeiro de 2008)

Amigos não esqueçam Bertold Brecht: “... e um dia levara-me a mim”. Direito à pluralidade ou o acabar das minorias?...
Artº 51º da Constituição da República (alínea 1):

“A liberdade de associação compreende o direito de constituir ou participar em associações e partidos políticos e de através deles concorrer democraticamente para a formação da vontade popular e a organização do poder político”.


Clyde