sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

As guerras e a fome de que ninguém fala


Esta crónica escrita por Isabel Stillwell para o Editorial do jornal "Destak" de hoje.. merece a "nossa" reflexão. Porque este mundo não tem de ser assim...


O site do jornal gratuito espanhol “20 Minutos” dava conta dos grandes conflitos humanitários a que a comunicação social não liga nenhuma, segundo uma lista elaborada pelos Médicos Sem Fronteiras (MSF). «Os cenários do Inferno », como lhes chama o jornal, que a maioria de nós ignora. Começam pela Somália, em África, onde nove milhões de pessoas sofrem ainda as consequências de uma guerra civil: «A situação é aterradora, com milhares de desalojados ou internados em campos, sem comida nem água». Segue-se-lhe o Zimbabué, com 12 milhões de habitantes, pobres e mal nutridos, e uma taxa de infectados pelo vírus da Sida de um em cada seis pessoas!
No Congo, apesar de se terem realizado eleições livres, o governo continua a combater, com o apoio da ONU, as forças rebeldes, e os que não morrem da guerra, morrem da cólera. Uma situação parecida com a da República Centro Africana, em que dois anos «de guerra aberta com os rebeldes deixaram um saldo de milhares de deslocados, aldeias arrasadas, e uma falta absoluta de assistência médica», explicam os MSF.
Na Ásia, o enfoque vai para a Birmânia, que depois de umas semanas nas primeiras páginas dos jornais, voltou a desaparecer, sem que nada mudasse. Ou seja a Junta Militar tortura e prende, não deixando que a ajuda internacional chegue à população esfomeada.
O Sri Lanka sofre uma situação parecida: prosseguem as «matanças em silêncio», denuncia esta organização.
No continente americano, a Colômbia é um cenário dantesco. Se não faltam notícias sobre os grupos paramilitares, e o narcotráfico, «calam- se os seus efeitos sobre quatro milhões de pessoas, um em casa dez habitantes, sem terra, nem cuidados de saúde. Chegados à Europa, o dedo é apontado ao escândalo que se vive na Chechénia.
Uma realidade mesmo à nossa porta.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

A Obra de Arte uma energia em mutação


A propósito da exposição de escultura – Antologia breve - de Alberto Carneiro, recentemente inaugurada na galeria Árvore no Porto, suscitou-me uma reflexão, não de todo gratuita.
É precisamente sobre árvores, os “objectos” do artista e que aí se dão à fruição estética do público especialista, amante ou, tão-somente, sensível à arte, qualquer que seja, a expressão, o suporte ou o género.
Alberto Carneiro é, felizmente para nós, um artista incontornável da arte portuguesa das últimas décadas. Desde os anos sessenta que nos presenteia com obras da Terra, à Terra devolvidas como filhos saídos do ventre que lhes deu ser. “Um corpo íntegro e total”, assim o definiu Bernardo Pinto de Almeida comissário da exposição.
Interessante constatar que, acrescida à energia “mágica” que flúi em qualquer obra de arte, independentemente da sua materialidade, no caso das peças deste escultor, elas têm, efectivamente, uma energia telúrica intrínseca, sempre viva, sempre actuante, sobre o espaço e sobre quem está próximo. Pode-se falar de uma energia cósmica, universal, a que os chineses chamam Chi, os japoneses de Ki e os indianos de Pranna. Mas, independentemente da grafia do termo ou designação vocabular, a realidade é que cada vez mais nos tornamos conscientes da sua existência em nós e à nossa volta.
“Uma árvore nunca está morta. Ela pode já não dar castanhas, mas continua a mexer, continua a ser energia em mutação”. Que o diga o próprio artista para quem este processo de criação foi um longo período de quatro anos, “um longo namoro até surgir a obra”. Sobre esta energia em mutação em trocas mútuas – a obra emite, o artista recebe e devolve em criação de obra de arte. Esta, por sua vez oferece-se em prazer estético para quem a saiba fruir e, uma vez mais preenchido, também mais terá para dar, e assim sucessivamente -, ocorre-me pensar no dar e receber , lei universal da Dádiva, como bem explica Deepak Chopra*. Imperceptivelmente, mas sempre funcionando. Sempre que damos recebemos multiplicado e recebendo, logo nos capacitamos para mais dar. Uma troca tão natural que não deve parar nunca, sob risco de quebrar o fluxo ininterrupto de vida tal como o é o próprio acto de respirar: Impossível inspirar continuamente, como impossível é, continuamente expirar. Aqui se experiência o dar e receber básico.
Se um “simples” tronco de árvore continua vivo mesmo depois de decepado das suas raízes, desmembrado dos seus ramos e desprovido de alimento e de funcionalidade, como não reconhecer a energia que por ele perpassa e que o tornam em mais do que a sua matéria? O artista aqui em apreço soube aproveitar essa energia para a transmutar em obras de artes que agora podem ser visitadas no Porto.

[Sobre artigo de Andrade, Sérgio C. – “Alberto Carneiro explica porque é que «uma árvore nunca está morta»”, in Público 2, 11 Janeiro 2008, p. 8].
* Médico e eminente professor de Filosofia oriental é autor de vários bestsellers traduzidos em todo o mundo.


Bonnie

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Filme na "Net"...


Zeitgeist, the Movie



É um filme americano de 2007 sem fins lucrativos produzido por Peter Joseph que pretende, segundo o autor, inspirar as pessoas a investigarem o mundo de uma perspectiva diferente. O filme é dividido em três partes:
Primeira parte: "The Greatest Story Ever Told" ("A maior história já contada")
Segunda parte: "All The World's A Stage" ("O mundo inteiro é um palco")
Terceira parte: "Don't Mind The Men Behind The Curtain" ("Não se preocupe com os homens atrás da cortina") .


Podem ter uma pequena sinopse do filme em:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Zeitgeist,_o_Filme
Pode vê-lo na internet em: http://video.google.com/videoplay?docid=-1437724226641382024
Já li várias críticas a este filme. Umas a dizerem muito bem... outras a dizerem muito mal. Melhor do que basearmos as nossas opiniões na dos outros é, cada um por si, tirar as suas conclusões... Eu já o fiz!
Podem vê-lo directamente no computador de casa ou copiá-lo e, comodamente, no sofá da sala assistir à exibição. As legendas estão em português...
Mais fácil e barato é difícil...


Clyde

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008


Anadia prepara “megamanif”




Cerca de cinco mil pessoas tinha-se manifestado na tarde de domingo, do dia 23 de Dezembro, em Anadia, contra o anunciado encerramento - no dia 2 de Janeiro -, do serviço de Urgências do Hospital José Luciano de Castro.

O movimento Unidos pela Saúde, que surgiu em Anadia contra o fecho das urgências, adiou a manifestação que tinha previsto fazer em Lisboa no dia 18. O motivo é simples. “A nossa luta está a ganhar força. E como nós há outros concelhos que têm as mesmas queixas, por isso vamos unir-nos e fazer uma coisa em grande”.

A propósito destes “Movimentos” que vão surgindo um pouco por todo o lado, faz-nos lembrar uma quadra do “nosso” poeta popular António Aleixo, a propósito das promessas feitas ao povo:

Vós que lá do vosso império

prometeis um mundo novo,

calai-vos, que pode o povo

qu'rer um mundo novo a sério.


Clyde


domingo, 13 de janeiro de 2008

Elogio da Loucura.



A morte do escritor Luiz Pacheco não é apenas uma perda para a cultura. Numa altura em que o Governo investe a sério, e com ASAE pela trela, numa fornada de cidadãos enérgicos e atléticos, livres de fumo e bactérias, ainda mais se sentirá a falta da sã loucura dos indomáveis.
Luiz Pacheco fazia parte daquele grupo de criadores – João César Monteiro e Cesariny eram outros - que um Estado decente subsidiaria. A fundo perdido. Para seu próprio bem. A paisagem agradecia e o País melhorava.
Bastava pedir-lhes que fossem como sempre nos habituaram: irreverentes, refractários, subversivos, de manguito carregado e palavras sem dono. Seríamos todos mais felizes e a geração vindoura agradecia. E ainda íamos a tempo de mostrar que, felizmente, ainda há quem tenha um parafuso a menos e um cigarro a mais.
Temo bem que, com andar da carruagem, figuras semelhantes a Luiz Pacheco, César Monteiro e Cesariny tenham cada vez menos lugar numa sociedade estilizada, de ideias poucas, comportamentos light e filosofia Paulo Coelho. Quando muito, o Ministério da Cultura talvez estivesse disponível para criar, para alguns intratáveis, uma reserva «índia», coisa para turista ver. «Não é permitido dar de comer ao Cesariny». «Cuidado, não coloque as mãos na jaula do Luiz Pacheco». Coisas assim. E a vidinha seguia, livre de corantes e conservantes. E outros animais falantes.
Quando um Governo ataca a fumarada com golpes baixos e faz da política um misto de jogging e salto à vara, não se pode esperar dias melhores. Um País com dois milhões de pobres que decide baixar o IVA dos ginásios não regula (o que, de certo modo, já o eleva à condição de um César Monteiro, vá). Os ginásios, esses, continuarão a esfregar as mãos com os propósitos saudáveis do Governo: vão engordar à custa de taxar as nossas gorduras por outras vias, à razão de 10 euros por cada fatia de paio ingerida.
Não adianta sequer resistir às modas e tendências. Portugal tem um não sei quê genético para polícia de costumes e bufaria engravatada. Está-lhe mesmo nos genes e qualquer Salazar dos novos sabe isso.
Não tardará a que uns candidatos a Cesarinys, Monteiros ou Pachecos sejam internados ou fiscalizados antes de rabiscar numa folha branca um desarranjo intelectual. Onde já se viu, dizer e escrever o que lhes vai na telha, os improdutivos?! O País não está para loucuras, senhores. E todos somos necessários nesta grande tarefa de higienizar a cidadania e desinfectar o cenário de parasitas. O Portugal de Sócrates não quer bicho na maçã nem grão na engrenagem. Com um País assim, que pena César Monteiro não estar vivo: pedia-se mais um filme negro com actores em «off». Branca de Neve já temos.
E como diria Fernando Pessa: "E esta hein?!..."
Clyde

(in Visãode 09-01-2008 - A devida Comédia - Miguel Carvalho)

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Minorias em causa?


Audiência marcada para dia 25
Partidos em risco de extinção vão ser recebidos pelo Presidente da República

10.01.2008 - 20h02 Lusa
O Presidente da República vai receber em audiência, marcada para o dia 25, os representantes de oito pequenos partidos que correm o risco de extinção compulsiva por não terem o mínimo de cinco mil militantes.
A informação foi adiantada pelo presidente do Movimento Partido da Terra, Paulo Trancoso, que considerou “um bom sinal” o facto de Cavaco Silva ter aceitado receber representantes das pequenas formações. “Havia vozes que diziam que não conseguiríamos ser recebidos”, declarou.O Tribunal Constitucional (TC) notificou em Dezembro os partidos para que, no prazo de três meses, façam prova de que têm pelo menos cinco mil militantes, uma obrigação imposta pela lei dos partidos políticos aprovada em 2003.
Oito partidos com reduzida expressão eleitoral – MPT, PCTP-MRPP, Partido Popular Monárquico, Partido Nova Democracia, Partido Nacional Renovador, Partido Operário de Unidade Socialista, Partido Democrático do Atlântico e Partido Humanista – decidiram então solicitar uma audiência ao Presidente da República para exporem as suas preocupações. (in Publico 11 de Janeiro de 2008)

Amigos não esqueçam Bertold Brecht: “... e um dia levara-me a mim”. Direito à pluralidade ou o acabar das minorias?...
Artº 51º da Constituição da República (alínea 1):

“A liberdade de associação compreende o direito de constituir ou participar em associações e partidos políticos e de através deles concorrer democraticamente para a formação da vontade popular e a organização do poder político”.


Clyde

Da Opus Dei à Maçonaria: a incrível história do BCP


O artigo é bem revelador dos "poderes obscuros" que minam toda a nossa sociedade.

Mais uma vez pergunto: Até quando vamos permitir que este e outros casos aconteçam?
Clyde



A história do BCP é absolutamente exemplar de um regime, em sentido lato, onde tudo o que são valores essenciais - incluindo a própria vergonha - parecem ter-se perdido para sempre
(Artigo de Miguel Sousa Tavares )


Em países onde o capitalismo, as leis da concorrência e a seriedade do negócio bancário são levados a sério, a inacreditável história do BCP já teria levado a prisões e a um escândalo público de todo o tamanho. Em Portugal, como tudo vai acabar sem responsáveis e sem responsabilidades, convém recordar os principais momentos deste "case study", para que ao menos a falta de vergonha não passe impune.
1 Até ao 25 de Abril, o negócio bancário em Portugal obedecia a regras simples: cada grande família, intimamente ligada ao regime, tinha o seu banco. Os bancos tinham um só dono ou uma só família como dono e sustentavam os demais negócios do respectivo grupo. Com o 25 de Abril e a nacionalização sumária de toda a banca, entrámos num período 'revolucionário' em que "a banca ao serviço do povo" se traduzia, aos olhos do povo, por uns camaradas mal vestidos e mal encarados que nos atendiam aos balcões como se nos estivessem a fazer um grande favor. Jardim Gonçalves veio revolucionar isso, com a criação do BCP e, mais tarde, da Nova Rede, onde as pessoas passaram a ser tratadas como clientes e recebidas por profissionais do ofício. Mas, mais: ele conseguiu criar um banco através de um MBO informal que, na prática, assentava na ideia de valorizar a competência sobre o capital. O BCP reuniu uma série de accionistas fundadores, mas quem de facto mandava eram os administradores - que não tinham capital, mas tinham "know-how". Todos os fundadores aceitaram o contrato proposto pelo "engenheiro" - à excepção de Américo Amorim, que tratou de sair, com grandes lucros, assim que achou que os gestores não respeitavam o estatuto a que se achava com direito (e dinheiro).
2 Com essa imagem, aliás merecida, de profissionalismo e competência, o BCP foi crescendo, crescendo, até se tornar o maior banco privado português, apenas atrás do único banco público, a Caixa Geral de Depósitos. E, de cada vez que crescia, era necessário um aumento de capital. E, em cada aumento de capital, era necessário evitar que algum accionista individual ganhasse tanta dimensão que pudesse passar a interferir na gestão do banco. Para tal, o BCP começou a fazer coisas pouco recomendáveis: aos pequenos depositantes, que lhe tinham confiado as suas poupanças para gestão, o BCP tratava de lhes comprar, sem os consultar, acções do próprio banco nos aumentos de capital, deixando-os depois desamparados perante as perdas em bolsa; aos grandes depositantes e amigos dos gestores, abria-lhes créditos de milhões em "off-shores" para comprarem acções do banco, cobrindo-lhes, em caso de necessidade, os prejuízos do investimento. Desta forma exemplar, o banco financiou o seu crescimento com o pêlo do próprio cão - aliás, com o dinheiro dos depositantes - e subtraiu ao Estado uma fortuna em lucros não declarados para impostos. Ano após ano, também o próprio BCP declarava lucros astronómicos, pelos quais pagava menos de impostos do que os porteiros do banco pagavam de IRS em percentagem. E, enquanto isso, aqueles que lhe tinham confiado as suas pequenas ou médias poupanças viam-nas sistematicamente estagnadas ou até diminuídas e, de seis em seis meses, recebiam uma carta-circular do engenheiro a explicar que os mercados estavam muito mal.
3 Depois, e seguindo a velha profecia marxista, o BCP quis crescer ainda mais e engolir o BPI. Não conseguiu, mas, no processo, o engenheiro trucidou o sucessor que ele próprio havia escolhido, mostrando que a tímida "renovação" anunciada não passava de uma farsa. E descobriu-se ainda uma outra coisa extraordinária e que se diria impossível: que o BCP e o BPI tinham participações cruzadas, ao ponto de hoje o BPI deter 8% do capital do BCP e, como maior accionista individual, ter-se tornado determinante no processo de escolha da nova administração... do concorrente! Como se fosse a coisa mais natural do mundo, o presidente do BPI dá uma conferência de imprensa a explicar quem deve integrar a nova administração do banco que o quis opar e com o qual é suposto concorrer no mercado, todos os dias...
4 Instalada entretanto a guerra interna, entra em cena o notável comendador Berardo - o homem que mais riqueza acumula e menos produz no país - protegido de Sócrates, que lhe deu um museu do Estado para ele armazenar a sua colecção de arte privada. Mas, verdade se diga, as brasas espalhadas por Berardo tiveram o mérito de revelar segredos ocultos e inconfessáveis daquela casa. E assim ficámos a saber que o filho do engenheiro fora financiado em milhões para um negócio de vão de escada, e perdoado em milhões quando o negócio inevitavelmente foi por água abaixo. E que havia também amigos do engenheiro e da administração, gente que se prestara ao esquema das "off-shores", que igualmente viam os seus créditos malparados serem perdoados e esquecidos por acto de favor pessoal.
5 E foi quando, lá do fundo do sono dos justos onde dormia tranquilo, acorda inesperadamente o governador do Banco de Portugal e resolve dizer que já bastava: aquela gente não podia continuar a dirigir o banco, sob pena de acontecer alguma coisa de mais grave - como, por exemplo, a própria falência, a prazo.
6 Reúnem-se, então, as seguintes personalidades de eleição: o comendador Berardo, o presidente de uma empresa pública com participação no BCP e ele próprio ex-ministro de um governo PSD e da confiança pessoal de Sócrates, mais, ao que consta, alguém em representação do doutor "honoris causa" Stanley Ho - a quem tantos socialistas tanto devem e vice-versa. E, entre todos, congeminam um "take over" sobre a administração do BCP, com o "agrément" do dr. Fernando Ulrich, do BPI. E olhando para o panorama perturbante a que se tinha chegado, a juntar ao súbito despertar do dr. Vítor Constâncio, acharam todos avisado entregar o BCP ao PS. Para que não restassem dúvidas das suas boas intenções, até concordaram em que a vice-presidência fosse entregue ao sr. Armando Vara (que também usa 'dr.') - esse expoente político e bancário que o país inteiro conhece e respeita.
7 E eis como um banco, que era tão independente que fazia tremer os governos, desagua nos braços cândidos de um partido político - e logo o do Governo. E eis como um banco, que era tão cristão, tão "opus dei", tão boas famílias, acaba na esfera dessa curiosa seita do avental, a que chamam maçonaria.
8 E, revelada a trama em todo o seu esplendor, que faz o líder da oposição? Pede em troca, para o seu partido, a Caixa Geral de Depósitos, o banco público. Pede e vai receber, porque há 'matérias de regime' que mesmo um governo com maioria absoluta no parlamento não se atreve a pôr em causa. Um governo inteligente, em Portugal, sabe que nunca pode abocanhar o bolo todo. Sob pena de os escândalos começarem a rolar na praça pública, não pode haver durante muito tempo um pequeno exército de desempregados da Grande Família do Bloco Central.
Se alguém me tivesse contado esta história, eu não teria acreditado. Mas vemos, ouvimos e lemos. E foi tal e qual.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

O Triunfo dos Porcos


Não resisti à tentação de transcrever, na integra, este artigo sobre o (não) referendo ao Tratado de Lisboa.
* Retirado do blog: "We Have Kaos in the Garden"
Acho-o divinal!...


Felizmente não tive possibilidade de ouvir toda aquela demagogia que o Sócrates foi destilar para a Assembleia da Republica para tentar justificar o injustificável; a decisão de não referendar o Tratado de Lisboa. Os argumentos são no mínimo ridículos e mostram uma falta total de respeito por todo um povo e pela sua inteligência. Mas olhemos com um pouco mais de atenção para eles. O primeiro é que o actual tratado nada tem a ver com o defunto Tratado Constitucional pelo que está livre da sua promessa de referendo, feita durante a campanha eleitoral e na tomada de posse do governo. Para o Engenheiro basta mudar o nome a uma coisa para que essa coisa deixe de ser o que é. Giscard Destain, autor do Tratado Constitucional já disse que este novo tratado contém tudo o que de mais relevante e importante continha aquele que ele tinha redigido. Como se isto não bastasse, ao dizer que não tem compromisso com o povo português sobre este assunto, estranho que considere que possa ter então também a legitimidade. Uma segunda justificação é a de que a maioria da população aprovaria o tratado em referendo e basta ver a actual constituição da Assembleia da Republica onde 90% dos deputados votarão sim. Não sei de onde lhe veio tal certeza, mas segundo os seus próprios argumentos, quando estes deputados foram eleitos não existia este tratado pelo que ninguém os mandatou para tomarem esta decisão. A pergunta aos eleitores era a única atitude verdadeiramente democrática. A terceira e mais parva é a de que a realização de um referendo em Portugal podia comprometer a aprovação por via parlamentar num outro qualquer país. Podia-lhes dar argumentos para também quererem um referendo nos seus países. Qual é o mal? É tão grave proibir os portugueses dizer de sua justiça, como o é fazê-lo para qualquer outro país europeu. Não fazer um referendo para que um qualquer povo seja privado do seus direito a dizer não, é uma ditadura, é silenciar a voz de alguém só porque não concorda com as opiniões do poder. Nunca a frase de George Orwell, retirada do fantástico livro, “O triunfo dos Porcos”, se adequou tão bem a um governante. “ Todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais que ou outros”. Hoje foi certamente o dia em que os Porcos triunfaram sobre a democracia.


E já agora para completar o "ramalhete" vejam este video em:



Clyde

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Sentimento de impunidade.


PGR diz que tem de acabar o sentimento de impunidade

"É fundamental acabar com o sentimento de impunidade que ainda existe em Portugal", afirma o procurador-geral da República (PGR) no relatório de actividades do Ministério Público (MP) relativo a 2006, ontem divulgado, onde se regista uma diminuição do número de processos-crime iniciados relativamente ao ano anterior. Mas Pinto Monteiro avisa que "existe ainda a ideia que a justiça não é igual para todos", e critica o poder político: "As leis não acompanham a dinâmica dos tempos actuais, surgindo depois da mudança e, às vezes, irremediavelmente atrasadas". (DN de 9 de Janeiro 2008)

Quem lê esta entrevista fica com a sensação que realmente a classe politica está preocupada que a justiça se aplique de igual maneira a “todo e qualquer cidadão”. Infelizmente todos (este “todos” aplica-se à maioria dos portugueses) sabemos que não é assim que as coisas se passam...
O dinheiro, aliado por inerência do “poder”, continua a ter “mais força” que a justiça. Relembremos o caso: “Casa Pia” que se arrasta “ad eternum” sem fim à vista. Vai acabar por “prescrever”, como tantos outros, deixando o cidadão-comum com a tal sensação que “O Sol quando nasce não é para todos”...
Ou como diz Daniel Sampaio (médico e escritor) numa entrevista:
“A Justiça não é nada cega, infelizmente protege os poderosos...”
(http://spautores.pt/revista.aspx?idContent=773&idCat=189)


Clyde

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Recebemos e... publicamos.



À POPULAÇÃO DA MARINHA GRANDE


A manutenção do SAP 24 h, na Marinha Grande, cuja data de encerramento estava prevista para 01 de Outubro de 2007, só se ficou a dever à mobilização da sua população.
Com efeito, desde Abril e em momentos sucessivos, que passaram por Assembleias da população, Concentrações/Manifestações, recolha e entrega, no Ministério da Saúde, de um abaixo-assinado com mais de 6.000 assinaturas, pedidos de audiência à Administração Regional e Sub-Regional de Saúde, a população da Marinha Grande expressou claramente a sua vontade de manter o Serviço de Urgência 24 h.
Ao mesmo tempo, aquilo que os responsáveis da Saúde, a nível central, regional e sub-regional sempre afirmaram à Comissão de Utentes em Defesa do SAP 24 h da Marinha Grande, foi de que os SAP não faziam parte dos planos de saúde deste Governo, mas também que não haveria qualquer modificação no funcionamento deste Serviço de Urgência, sem que esta Comissão de Utentes e a Câmara Municipal fossem ouvidas.
A população da Mª Grande, como o conjunto da população portuguesa, tem assistido, nos últimos dias, às tentativas de encerramento de diversos serviços de urgência, em vários pontos do país e à resistência encarniçada das populações contra as mesmas.
A expressão desta resistência é, nomeadamente, a mobilização da população da Anadia, em torno da manutenção do SAP do seu hospital local. Tomámos conhecimento, através do "Diário de Coimbra", das declarações do Movimento de Cidadãos "Unidos pela Saúde". O seu porta-voz, contestando o encerramento da urgência do hospital da Anadia, aludiu "à possível criação de um movimento nacional em defesa dos serviços de saúde, desde urgências, a maternidades e serviços de atendimento permanente.
Apesar de cada caso ter as suas especificidades, e de não ser fácil mobilizar tanta gente, estamos a estabelecer contactos para organizar um Movimento Nacional, que reflicta a preocupação das pessoas com o que se está a passar com a saúde, em Portugal. O objectivo será organizar uma marcha sobre Lisboa, em direcção à Assembleia da República", concluiu.
A Comissão de Utentes da Mª Grande, em Defesa do SAP 24 H, não pode deixar de subscrever este apelo da população da Anadia.
A manutenção definitiva do SAP 24 h da Mª Grande, como de todos os outros serviços de urgência no país e a melhoria do funcionamento dos Centros de Saúde, só pode ser conseguida através de uma mobilização nacional, de Norte a Sul do País.
Neste sentido, esta Comissão toma a decisão de entrar em contacto com todos os movimentos locais, nomeadamente o Movimento Unidos pela Saúde, da Anadia, Comissões e Organismos em Defesa dos Serviços de Saúde, com vista a organizar um Movimento Nacional pela Manutenção dos SAP e dos Serviços de Saúde ameaçados de encerramento.
A Comissão de Utentes do S.A.P. 24 H Marinha Grande

Saúde ou o regresso da barbárie...


Só um dos 26 centros de saúde já tem urgência.

O ministro da Saúde garantiu, em declarações ao DN, que existem dez urgências básica (SUB) a funcionar das 42 prometidas. Faltam, por isso, 32 para que se cumpra a rede proposta pela comissão de peritos - 25 delas em centros de saúde. Das dez SUB existentes, nove estão a funcionar em hospitais que já tinham esta valência. E apenas uma resulta do reforço de meios em centros de saúde: o de Odemira, que há um ano foi alvo de polémica depois de duas mortes. E são os centros de saúde que mais necessitam deste investimento. (D. Noticias 8 de Janeiro de 2008)

Porque será que notícias como esta já não nos surpreendem?
Quando temos um Primeiro-Ministro que prometeu 150.000 postos de trabalho e observamos que a taxa de desemprego aumenta todos os dias é, como diria Artur Jorge:
-“Tudo perfeitamente normal!”Ou então encontramo-nos no “Regresso à Barbárie” (ensaio escrito por Thérèse Delpeche).

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

As mensagens.



Todos os dias somos “inundados” com mensagens enviados pelos nossos amigos que as receberam de outros amigos.

Quer em forma de texto simples quer ainda em formato “pps”. São imagens, são palavras que nos podem ou não tocar... no mais fundo do nosso SER.

Não posso deixar de me indignar e denunciar que sejam gastos biliões de euros (ou dólares ou... outra qualquer moeda) no fabrico de armas e continuam seres humanos a morrer à fome em todos os Continentes.

O mundo mudou e rapidamente conseguimos entrar em contacto com todos... em qualquer lugar... a qualquer hora. As “novas tecnologias” permitem-nos que tal aconteça e que se criem, por exemplo, “blogs” como este.

Por enquanto e por que lhes dá “dinheiro” vão permitindo que possamos escrever...

Até quando... pergunto eu?

Por isso aproveitemos e digamos: “Um outro mundo é possível.”

“Que tua alma dê ouvidos a todo grito de dor, Tal como o lótus abre o seu coração para sorver o sol matutino.”

- A Voz do Silêncio( antigo texto budista)

Clyde

Sempre os mesmos...


Há muitos anos que a política em Portugal apresenta este singular estado: doze ou quinze homens, sempre os mesmos, alternadamente possuem o poder, perdem o poder, reconquistam o poder, trocam o poder? O poder não sai de uns certos grupos, como uma pela que quatro crianças, aos quatro cantos de uma sala, atiram umas às outras, pelo ar, num rumor de risos. (?) Ora tudo isto nos faz pensar? Que quanto mais um homem prova a sua incapacidade, tanto mais apto se torna para governar o seu país. (?) A política chegou a tal miséria, que nem a polidez instintiva coíbe os homens.
(Eça de Queiroz, 1871 In "Uma Campanha Alegre")

Clyde